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BASES CONCEITUAIS PARA UM VIRTUOSO TRABALHO COLABORATIVO ENTRE ENGENHEIROS GEOTÉCNICOS E GEÓLOGOS DE ENGENHARIA

Nesses novos tempos de retomada do crescimento econômico, cabe insistir em um tema de suma importância para a engenharia e para a sociedade brasileira: a indispensável adequação técnica e conceitual dos empreendimentos às características geológicas e geotécnicas dos terrenos em que se implantam. Ainda que não restem dúvidas sobre a importância dessa adequação, e que no Brasil e no mundo todo haja casos paradigmáticos espetaculares que, por seu sucesso ou seu fracasso técnico, escancaram a essencialidade dessa providência, infelizmente ainda persistem no meio técnico brasileiro algumas incompreensões, ou até alguns cacoetes corporativos, que comprometem em muito a satisfação de uma condição básica para esse objetivo: o bom e saudável casamento entre a Engenharia Geotécnica e a Geologia de Engenharia.

O melhor caminho para melhorarmos esse ambiente colaborativo passa, sem dúvida, por um melhor entendimento das responsabilidades técnicas específicas inerentes à Engenharia Geotécnica (EG) e à Geologia de Engenharia (GE).

Ainda que em todas as fases de um empreendimento deva existir sempre um sadio e eficiente espírito de equipe, uma ação colaborativa e interdisciplinar entre as diversas modalidades profissionais atuantes em um projeto, é fundamental que nunca se perca de vista a responsabilidade maior que uma modalidade deve exercer, e por ela responder, em cada atividade e em cada fase do empreendimento.
Nas investigações geológico-geotécnicas que antecedem o Projeto e o Plano de Obra e se prolongam no período de obra e na própria operação do empreendimento, essa responsabilidade maior é da GE, entendida essa geociência aplicada como a responsável pelo domínio da interface tecnológica do Homem com o meio físico geológico.

E para tanto é preciso que fique muito claro a todos que a missão da GE não se reduz a entregar ao projetista um arrazoado sobre a geologia local, a posição do NA, um punhado de perfis e seções geológicas e outro punhado de resultados de ensaios com os índices de comportamento geotécnico dos diversos materiais presentes. O trabalho da GE transcende essa limitada visão meramente descritiva e parametrizadora, ainda, infelizmente, bastante comum entre geólogos executantes e engenheiros demandantes.

A abordagem maior da GE é essencialmente fenomenológica. Todos os dados e informações anteriormente mencionados são muito importantes, mas o produto final e essencial das investigações geológico-geotécnicas na fase anterior ao Projeto e ao Plano de Obra é um Quadro Fenomenológico onde todos esses parâmetros não estejam soltos ou isolados, mas sim associados e vinculados a comportamentos do maciço e dos materiais afetados frente às futuras solicitações da obra. Ou seja, a missão essencial da GE é oferecer ao projetista o quadro completo dos fenômenos geológico-geotécnicos que podem potencialmente ser esperados da interação entre as solicitações próprias da obra e as características geológicas (materiais e processos) dos terrenos que serão por ela afetados. Assim, todo o esforço investigativo deve ser orientado, desde o primeiro momento, a propor, aferir, descartar e confirmar hipóteses fenomenológicas, de forma, ao final, ter concluso um quadro fenomenológico real. Ou seja, não faz, desde há muito, mais sentido uma campanha investigativa cega, geometricamente sistemática ou coisas do gênero. Esse império do padronizado e do repetitivo não é o império da inteligência, da competência e da eficiência.

A esse quadro fenomenológico a GE junta suas sugestões de cuidados e providências que projeto e obra deverão adotar para ter esses fenômenos sob seu total controle.

A partir desse ponto a GE entrega o bastão de comando (e responsabilidade maior) para a Engenharia Geotécnica, passando a assumir, nesta nova fase, o papel de apoio e complementação. Lembrando que a frente de obra sempre constituirá o lócus privilegiado para a confrontação das hipóteses levantadas com novas evidências geológicas, para as investigações complementares que se mostrem necessárias e para o monitoramento dos parâmetros geotécnicos envolvidos nos fenômenos identificados como possíveis.

A EG, armada com esse conjunto de informações (do levantamento das quais foi coadjuvante, mas nunca mera espectadora), tem sob sua responsabilidade a definição final, em nível de Projeto, das soluções de engenharia (agora no papel de protagonista principal, tendo a GE como sua coadjuvante) e seus exatos dimensionamentos físicos e matemáticos. Como também cabe-lhe como responsabilidade a definição do Plano Executivo da Obra. Para tanto, deverá indicar as investigações complementares – sondagens, ensaios, instrumentações - que entender como necessárias ao bom cumprimento dessas suas responsabilidades, o que envolve o cuidado especial em zelar pela plena compatibilidade e solidariedade entre as soluções adotadas e os fenômenos geológico-geotécnicos a que se relacionam.
Definidas, compreendidas e assumidas essas responsabilidades maiores da GE e da EG, os profissionais envolvidos em um trabalho comum gozarão por certo um sadio, agradável e virtuoso ambiente de trabalho, regido pelo espírito de equipe, pela confiabilidade e lealdade entre colegas. Ambiente indispensável ao reinado pleno dos princípios sagrados da Segurança e da Boa Técnica.


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